segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Verso identidade, como nas linhas da minha mão


Recuperar um verso
sintoma de criação
curar doença de perverso
dom insistente de lamentação.

Colocar em letras levadas
com sons sem o dom de uma toada
colar rimas em espadas
que ferem flores ofuscadas
no cheiro despetaladas.

Quem me leva, quem me dá?
O reverso do tempo tateando o seu passar?
Quem me nega, quem me acomoda
- se na rua os carros passam pressa
nos rostos não muito mais que isso resta
nas mãos vazios cobiçosos
olhos em vitrines capiciosos?

As letras lavadas levam palavras usadas
palavras engastadas
calçadas nos caçoados
dizeres mal falados.

As letras abusadas rimam o palavrão
onde mais elas lavrarão
passos do peito
ria direito, o corpo insuspeito
sua satisfação.

Saberá destino
- colará na retina
complexa sina?

Calo na boca com fino
vinho vindo de sono
e versos enfim abandono,
durmo caminho meio andando
durmo retrato mal acabado.

Quem me leva, quem me dá!
Quem me nega, pouco me renega
do berro à ação
no meu canto aberração!

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu, você merece, só isso que digo! =]


Bjão!