domingo, 4 de fevereiro de 2007

Sobre como acho que Chavez ficaria bem em um bom filme...


Ontem tive uma conversa com um amigo, por msn, mas bastante válida. Ela me fez pensar sobre algumas coisas que procuro verbalizar com muito cuidado - envolve assuntos de extrema delicadeza.
Falamos sobre a importância da ativismo como atividade transformadora. Lembro-me de ter dito, mais ou menos, essas palavras:

"Todo e qualquer conformismo, que aceita como 'natural' exploração e miséria, ou é covardia, ou oportunismo."


E, desse tema, acabamos caindo no que ele chama de bolivarismo ou socialismo do século XXI. Foi aí que me assustei, pois nosso diálogo cibernético não poderia tomar outro rumo que não fosse comentar o já tão e tanto falado Hugo Chavez, por quem eu não tenho a menor simpatia.
Não vou dizer que sou uma ávida devoradora de jornais. Leio apenas alguns editoriais e as poucas reportagens que me interessam enquanto mastigo pão amanhecido com manteiga e tomo um copo de leite com achocolatado - um verdadeiro ícone da minha geração. Posso, portanto, ter uma visão, talvez, um tanto quanto estreita, unilateral, e quem sabe até reacionária, para usar o português claro. Mas não tenho medo de parecer politicamente careta: o discurso raivoso desse falso Bolívar (deveria eu chamá-lo oportunista?) não me faz pensar em nada que venha a ser melhor, ou ao menos que não deixe de ser igual, a tudo o que já existiu e sob-existe camuflado pelo jargão dos que não tem conteúdo.
O que mais me incomoda no nosso caríssimo Chavez é aquela maldita farda que ele insiste em usar. Mussolini só aparecia em público fardado, Hitler brincava de herói em seu traje caqui, Stálin deixava a camaradagem de lado para desfilar no uniforme. Pode parecer algo de menor importância, mas arrisco-me a provar que não é: o que representa uma farda? O exército! E o que nos lembra a palavra exército?

Hierarquia?
Sim. E sabem qual o problema? Essa distinção de ordens entre os militares se faz através do autoritarismo - palavra essa que me dá calafrios! Ai do soldado que ousar questionar a ordem de um sargento! Ai do sargento que ousar contra argumentar com um tenente! Ai do tenente que levantar a voz aos desmandos, rigidamente mandados, de um coronel!

Violência?
Sim. E agora o fedor já lembra o podre da carniça! Que outra forma é melhor para garantir os plenos poderes de um ditador? Abstenho-me de mergulhar mais nessa parágrafo, pois penso que qualquer coisa que eu possa dizer a mais aqui será óbvia em excesso e, portanto, desnecessária.

Sei que haverá quem tente me convencer de que isso tudo se faz por uma boa causa. Ora, meus amigos, quem nunca estudou história no colégio que acredite! Pois vocês sabem o significado da expressão "partido nazista"? Não!? Aqui vai: partido nacional SOCIALISTA! E vocês sabiam, por um acaso, que o nada bonito Benito meteu-se em militância comunista (!?!?!?) antes de vestir o seu ardor imperialista?
Com isso, o que quero dizer não é que duvido do feitio de algo em prol do povo, no caso venezuelano. Na Itália fascista isso acorreu, na Alemanha hitlerista também (desde que esse mesmo povo não fosse cigano, homossexual, deficiente físico e, como até mesmo uma toupeira sabe, judeu!). De fato, eu acredito que mudanças estejam ocorrendo nessa terra de petróleo e miséria fartos, mas, pelo que observo quando flerto com as letras impressas nos jornais, é que isso tudo soa tímido demais para quem diz estar a serviço do povo - e que com o povo quer resgatar sonhos de justiça que eu mesma, com a paixão dos ingênuos bem informados, cultivo.
O que, no entanto, parece estar sendo muito bem feito é a castração da liberdade de expressão! Caramba, regime político nenhum é perfeito!!! Porque política é coisa desenvolvida por seres humanos, recheados de desejos e limitações. Na solidão soberba de um possível grande ditador como Chavez, que muito bem caberia no filme de Carlito se estivesse vivo e atuante na época, dificilmente serão apontados os enganos da atividade pública. Enganos esses, aliás, que podem, até, não serem cometidos por maldade mas que, perante a responsabilidade que um governante tem para com a população de seu país, devem ser fiscalizados. Imprensa tendenciosa existe, claro! Assim como também existem pessoas idôneas, em todos os segmentos de uma sociedade, que podem trazer algo de construtivo, por mais escassas que sejam.
Por fim, termino refletindo sobre algo que disse o meu irmão: a América Latina está traumatizada com as mordaças da direita. Muito ela já chorou a cantiga do Bêbado e a Equilibrista, engolindo obscurantismo e tortura no Chile, na Argentina, no nosso Brasil... Ai do maluco que ousar defender abertamente uma ditadura - no máximo torna-se pitoresca aberração eleitoral, como é o caso do famoso maníaco nuclear, Enéias! Somando-se isso à carência em que vivemos, responsável por fazer de nosso continente latino uma verdadeira latrina (apenas para usar um trocadilho já bem conhecido!), e que imunda países já industrializados com absurdos como a vergonhosa falta de saneamento básico, sistemas educacionais de fachada e serviços de saúde que baseiam-se na "moderníssima" fila-terapia - sem contar o desemprego, os salários baixíssimos e a medonha hipertrofia do terciário - temos um prato farto ao faminto oportunismo. Quem disser estar ao lado do povo ganha os votos, as passeatas e a aceitação de boa parte da intelectualidade; com essa fachada de esquerda constrói o que, corretamente nomeado, nunca seria aceito: um novo regime repressivo!
Se eu sei disso tudo, vocês acham que Hugo Chavez não saberia? Claro que ele sabe! E é claro que eu estou com medo - de ver, mais uma vez, a promessa em que acredito ser destroçada por um cão raivoso com um novo "fascio" entre as presas!

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