sábado, 3 de fevereiro de 2007

Prosa sem Limites

No vão da palavra não cabem grades de horrores ou aversão. Integra-se a fluidez do sentir-se vivo, deriva-se a matéria que fomenta o sonho, e nada se limita: arde um castiçal de exclamações.

No vôo da palavra é que talvez se suba mais alto. Tanto quanto no bater de asas da imaginação couberem novas formas de espanto.

... !

Espanto pois, que toda a vida traz surpresas por se fazer em si mesma, mas não caber dentro de si. Ora, que acusem as matemáticas: o improvável era que tivéssemos visão para ver, tato para sentir, ouvidos para ouvir... E muito mais do que isso, temos ainda a mágica maravilhosa de poder recordar e assim, quem sabe, entender (ou ao menos perceber!) as estéreas formas do milagre maravilhoso que é existirmos.

Por isso é que me ponho toda em prosa! Prosa para não deixar a vida passar batida. Prosa, porque palavras fundidas, correndo soltas, no livre fluxo da surpresa, vão além. Prosa, porque o que vai além se faz em poesia!

Prosa porque provoca, porque aconchega. Põe-te no avesso, faz a crítica, desnuda tuas falhas, faz-te novo no teu melhorar. Mas também põe-te na nuvem do sonho, teu delírio romântico que te livra de amarra avarenta, a mesma a puxar as rédeas do cotidiano, repetindo a repetição.

Prosa que te inflama. Lês nela a borbulhante raiva, que abraça-te à outra raiva, de olhos ferozes, que é a tua. E te põe a agir, catapultada tua vontade, persuasão de rebeldia

Ora, que nas multifaces das linhas lavadas, vai se lavando a alma. Descanso de descansar desse marasmo de quase vivida, de sentimento absorto: ab-sor-vida!

Proseia prosador, e põe viver mais intenso, entre vida recordada, a vive novamente

Podes dizer que prosa apenas procria realidade... Procria, sim, não mentes! E nesse procriar, verbo doce de sutileza ardente a cantar, nada mais se faz do que escolher uma das faces de algo que vaga infinito voando: o ser, para o ser – infinitas possibilidades!

Prosa que pode tudo poder prosear! Infindas são as nuances desse seu caminhar, de modo que és o que és, por seres prosa de imensidão, prosa sem limites!

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